Biden visita o Congresso para defender seu gigantesco plano econômico e social
MUNDO
Publicado em 20/07/2021

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez uma visita inusitada ao Congresso nesta quarta-feira (14), em um momento em que entra em pleno debate um gigantesco plano de investimentos em infraestrutura e gastos sociais, a espinha dorsal de sua proposta de governo.

"Vamos colocar (esse plano) em ação", prometeu o presidente ao chegar para almoçar com os senadores democratas.

Na noite de terça-feira, esses senadores chegaram a um acordo - na Comissão de Orçamento - sobre uma proposta de orçamento de 3,5 trilhões de dólares, um passo significativo, que deve permitir a Biden atingir seu objetivo de deixar uma marca na história econômica e social dos Estados Unidos.

Este acordo "é um grande avanço", disse Jen Psaki, porta-voz da Casa Branca, na quarta-feira, reconhecendo que "haverá etapas adicionais. É por isso que (o presidente) vai ao Capitólio".

O montante de 3,5 trilhões de dólares, semelhante ao PIB da Alemanha (3,8 trilhões em 2020), deve ser usado para financiar medidas de transição energética e gastos com saúde e educação.

Os democratas, que não detalharam as medidas planejadas, esperam aprovar seu projeto sem a ajuda da bancada republicana, recorrendo a um mecanismo orçamentário.

O plano socioambiental acompanhará outro projeto de relançamento de Biden: um programa muito mais tradicional de cerca de 1 trilhão de dólares em gastos com infraestrutura (estradas, pontes, redes de água, internet, etc).

A visita do presidente ao Congresso visa "continuar defendendo uma abordagem dupla", Psaki tuitou.

- Malabarismo -

O presidente de 78 anos, que passou 36 deles no Senado, deve conciliar a aprovação dessas duas frentes de ação.

Biden precisa da união de todos os democratas, incluindo os que estão mais à esquerda, como o presidente do Comitê de Orçamento do Senado, Bernie Sanders. Isso só será possível validando os importantes gastos sociais que esse setor do partido exige.

Mas também deve preservar um compromisso frágil alcançado com parlamentares republicanos em projetos de infraestrutura, mais tradicionais e mais consensuais.

Para boa parte da direita americana, mesmo a moderada, a própria ideia de um novo gasto social é dispensável.

"3,5 trilhões de dólares em novos gastos são 3,5 trilhões acima e 3,5 trilhões que não temos", afirmou o senador republicano Mike Lee.

Não é o primeiro pacote de estímulo de Biden, que já lançou um plano de emergência de 1,9 trilhão de dólares para responder às consequências econômicas da pandemia de covid-19.

Mas sob o lema de "melhor reconstruir", desta vez é a própria filosofia do seu mandato que está em jogo.

O presidente quer adaptar a maior economia do mundo à batalha contra as mudanças climáticas. Porém, para além dos bilhões, também assume isso como uma luta ideológica: a da democracia, da qual os Estados Unidos seriam o porta-bandeiras, contra os regimes autoritários, com a China à frente.

Na visão de Biden, essa batalha certamente está sendo travada em nível diplomático, mas também com inovação tecnológica e nas bases mais realistas da prosperidade econômica, em particular das classes médias.

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