A imprensa francesa desta quinta-feira (18), destaca o temor de que uma quinta onda de Covid-19 cause mortes e paralise a Europa novamente. Com 60% dos novos casos mundiais, o Velho Continente voltou a ser o epicentro da doença, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apenas França, Portugal, Espanha e Itália resistem, "mas até quando?", pergunta o jornal Libération.
"Covid na Europa, o Leste perde o controle, o Oeste perde a confiança", diz a manchete do Libé, lembrando que, sem surpresas, os países mais atingidos pela nova onda da doença são os do leste do continente, que têm um número menor de cidadãos vacinados. Mas nos países onde a taxa de imunização é alta, as contaminações também aumentam rapidamente.
A média móvel de mortes bateu recorde na Bulgária na semana passada, chegando a 1.186. Mais de 90% das vítimas não estavam vacinadas. Na vizinha Romênia, o pico parece ter passado, mas a média de mortes estacionou em um platô elevado: 300 pessoas por dia. Famílias inteiras morreram no país, que perdeu o equivalente a uma pequena cidade por dia em outubro, afirma Libération, incluindo jovens de menos de 30 anos, sem comorbidades, em sua maioria não vacinados.
Não imunizados
A Romênia e a Bulgária, países mais atingidos pela nova onda da Covid-19 na Europa, também são os que têm a menor taxa de vacinação, com menos de 43% da população imunizada, enquanto em todo o continente a média é de 76%.
Nos países do norte, a vacina ajudou a proteger os sistemas hospitalares, mas não é suficiente para parar a pandemia e alguns países decidiram voltar às medidas restritivas. Assim, a Dinamarca volta a exigir o passaporte sanitário e a Suécia segue os mesmos passos, enquanto a Áustria determinou quarentena das pessoas não vacinadas e a Holanda decretou um lockdown parcial.
Para o epidemiologista Antoine Flahaut, da Universidade de Genebra, entrevistado pelo Libération, o sul da Europa está em uma situação melhor que o norte devido a vários elementos: uma melhor cobertura vacinal, o fato de terem mantido medidas como uso de máscaras e passaporte sanitário, e também o clima que é mais quente.
Apesar do bom desempenho desses países, o especialista acredita que a situação epidemiológica na França é precária. Para ele, a melhor solução é utilizar captores de CO2 em espaços fechados e aplicar os novos tratamentos, como os de anticorpos monoclonais em todos os pacientes contaminados pela Covid-19 de mais de 50 anos. Atualmente esta terapia é ministrada somente em doentes em estado crítico.
Sem Natal e Ano Novo?
O jornal Le Parisien já questiona se a nova onda de Covid-19 põe em risco as festas de fim de ano na França. De acordo com o diário, muitos parisienses preferem não se programar, já que tudo ainda é incerto.
Mas o jornal pondera lembrando que a situação não é mesma de 2020, porque no ano passado não havia vacina. A campanha começou, na França, justamente no dia 27 de dezembro. Na época, a variante alpha se propagava rapidamente. Mas, segundo Le Parisien, o problema é que atualmente as contaminações não param de subir: a taxa de incidência da Covid-19 na França aumentou de 40% a 50% em duas semanas.