Riade, 30 dez 2021 (AFP) - O rei Salman, da Arábia Saudita, disse ao Irã, nesta quinta-feira (30), que mude seu "comportamento negativo" na região e pediu "cooperação e diálogo" com seu grande rival.
Riade, parceiro dos Estados Unidos, e Teerã, em tensão permanente com Washington, são os dois pesos-pesados do Oriente Médio e exercem sua influência por meio de alianças e intervencionismo militar, econômico e cultural em toda região.
"Esperamos que (o Irã) mude sua política e seu comportamento negativo", declarou o rei Salman, acusando Teerã de "desestabilizar" o Oriente Médio.
O monarca, que completa 86 anos na sexta-feira (31), manifestou seu desejo de que Teerã "caminhe na direção do diálogo e da cooperação", informou a agência de notícias oficial SPA, que publicou a versão na íntegra de seu discurso ao Conselho da Shura, principal órgão consultivo do país.
Transmitido pela televisão com três horas de atraso, o discurso do rei durou apenas quatro minutos. Durante o pronunciamento, pareceu muito debilitado, lendo devagar, em meio a várias pausas.
No discurso do ano passado, o tom do monarca foi menos conciliador, conclamando as potências mundiais a tomarem uma "posição firme" contra Teerã.
Apesar das tensões, Arábia Saudita e Irã têm mantido várias discussões desde abril, mediadas pelo Iraque, na tentativas de melhorar as relações bilaterais.
Esta semana, Riade, que intervém no Iêmen em apoio às forças do governo contra os rebeldes huthis, acusou o Irã de ajudar os insurgentes a lançarem ataques contra o território saudita.
Nesta quinta, o rei Salman insistiu nestas acusações, considerando que o apoio de Teerã aos huthis "ameaça a segurança" de seu país e agrava "a situação humanitária" no Iêmen.
Neste momento, o país passa por uma das mais graves crises humanitárias do mundo. De acordo com a ONU, a guerra deixou 377.000 mortos, a maioria por problemas decorrentes do conflito, como falta de água potável, fome e doenças.