Paris, 24 Jan 2022 (AFP) - Nestes últimos dois anos, o setor da educação sofreu a pior crise da história, com prolongados fechamentos de escolas, ainda que tenham sido registrados alguns avanços no segundo ano da pandemia da covid-19.
- Os países se adaptam - Para a Unesco, a ruptura global na educação causada pela pandemia da covid-19 é a pior crise educacional já registrada.
"No entanto, é perceptível uma mudança notável entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022: não há mais fechamentos massivos de escolas, os Estados conseguiram estabilizar um novo modelo de gestão de crises com a capacidade de manter as escolas abertas graças à adoção de protocolos de saúde reforçados e seguros", disse a Unesco à AFP.
Países como França, Brasil e México aplicaram novas medidas como distanciamento, fechamento caso a caso, além da tradicional lavagem das mãos ou uso de máscaras, acrescentou a Unesco.
Outros como França, Canadá ou Itália recorreram aos testes de detecção.
Atualmente, as escolas estão abertas em 135 países. Além disso, 25 países decidiram no início do ano adiar a reabertura das escolas após as férias de Natal. Doze optaram por fechar completamente, contra 40 que o fizeram na mesma data do ano passado, segundo a instituição.
"A mensagem que consiste em dizer que é fundamental deixar as escolas abertas, do ponto de vista social e para o bem-estar das crianças, tem funcionado a nível dos diferentes Estados", comemorou.
- Os países com mais fechamentos de escolas -Nos últimos dois anos, os países que tiveram escolas fechadas por mais tempo, ou seja, por mais de 60 semanas, são Bangladesh, Kuwait, Filipinas, Uganda e Venezuela.
Levando em conta os fechamentos parciais, as escolas de Uganda atingiram mais de 60 semanas totalmente fechadas e 23 semanas parcialmente. A Bolívia atingiu 43 e 39 semanas, respectivamente, o Nepal totalizou 35 e 47 semanas e a Índia 25 e 57 semanas.
- Os países com menos fechamentos -Quatro países não recorreram ao fechamento de escolas em dois anos: Belarus, Burundi, Nauru e Tajiquistão.
Outra dezena não optou pelo fechamento total, incluindo Rússia, Estados Unidos e Austrália. A Oceania é a região que menos fechou seus centros educacionais.
A França, com um fechamento total de sete semanas e um fechamento parcial de cinco semanas, está entre os 10% dos países que menos fecharam suas escolas.
- As consequências -O fechamento de escolas ou centros de ensino superior tem consequências dramáticas, especialmente em países de baixa e média renda.
Certas regiões do Brasil, Paquistão, Índia, África do Sul e México, entre outras, sofrem perdas substanciais de aprendizado em matemática e leitura.
Segundo a Unesco, até 2030 "nenhuma região do mundo espera alcançar o ensino médio universal", "os educadores consideram que apenas um terço dos alunos terá competências básicas em matemática" e "33% dos alunos não serão capazes de ler uma frase no final do ensino primário".
A longo prazo, a geração de jovens atualmente na escola corre o risco de perder quase 17 bilhões de dólares em renda devido à escassez causada pelo fechamento de centros educacionais durante a pandemia, alertou o Banco Mundial e agências da ONU.
"A perda de aprendizado para muitas crianças é moralmente inaceitável, e o potencial aumento no empobrecimento do aprendizado pode ter um impacto devastador na produtividade, nos ganhos e no bem-estar futuros desta geração de crianças e jovens", alertou Jaime Saavedra, diretor de educação do Banco Mundial, citado em relatório publicado em dezembro.
A prioridade é "levar todos os jovens de volta à escola, e especialmente as meninas em certos países", disse a Unesco.