Aeronaves comerciais de passageiros não estão expostas ao aumento da radiação enquanto viajam pela costa brasileira, onde uma anomalia magnética foi registrada. Essa é a conclusão do Instituto DLR de Medicina Aeroespacial de Colônia, na Alemanha, segundo um comunicado recente.
O resultado é parte do estudo realizado por pesquisadores do Centro Aeroespacial Alemão, que estiveram a bordo do voo especial da Lufthansa para as Ilhas Fakland (Malvinas, para os argentinos), no mês passado. Os cientistas mediram os níveis de radiação a bordo do voo e concluíram que a uma altitude de cruzeiro de 43.000 pés (~13 mil metros), a atmosfera da Terra segue sendo um escudo eficaz contra a radiação cósmica abaixo desta anomalia magnética.
A anomalia
A Anomalia do Atlântico Sul (AAS) é uma ampla área que abrange a Terra (do sudoeste da África às regiões da América do Sul) que atua como um “dente” no campo magnético do planeta. Sua radiação afeta negativamente o funcionamento dos satélites que passam pela região e dos seus computadores.
A anomalia vem se expandindo há cerca de dez anos e agora se dividiu em duas, como mostra esse vídeo da NASA.
“Nenhuma exposição à radiação pôde ser detectada em voos comerciais cruzando a região geográfica da Anomalia do Atlântico Sul. Isso foi confirmado por nossas análises”, disseram os cientistas. Segundo a nota, o jato cruzou toda a região geográfica da AAS a uma altitude constante de aproximadamente 43 mil pés. Os instrumentos de medição tinham seus próprios assentos na fila 15 da aeronave. Eles foram instalados próximos ao centro de gravidade do Airbus A350-900 para reduzir ao máximo os efeitos da turbulência.
O vento solar influencia a exposição à radiação
Os resultados das medições são particularmente significativos devido à influência atualmente baixa do clima espacial gerado pelo sol.
No momento, os níveis de atividade solar estão muito baixos – há muito poucas manchas solares, por exemplo. “A atividade solar é o motor que impulsiona o vento solar, que tem um impacto significativo sobre a quantidade de partículas energéticas da galáxia que chegam à Terra”, explica o cientista Matthias M. Meier, que lidera o Grupo de Proteção contra Radiação na Aviação do instituto alemão.
“Por um lado, isso significa que o impacto da radiação cósmica galáctica é comparativamente intenso no momento. Por outro lado, isso significa que as condições climáticas espaciais são muito estáveis e o campo magnético da Terra, bem como os cinturões de radiação, não estão sendo significativamente influenciados pelo sol”, concluiu.
O detector de Medição de Radiação no Espaço (RAMIS) no satélite Eu: CROPIS vem coletando dados correspondentes do espaço desde dezembro de 2018. Usando esses dados, foi possível medir claramente o aumento dos raios cósmicos galácticos durante o período de atividade solar reduzida. A órbita do satélite ocupa quase toda a superfície da Terra. Isso permite determinar como a radiação cósmica galáctica varia de acordo com a posição do satélite em órbita e a blindagem do campo magnético da Terra.