Em discurso realizado durante encontro internacional em Santiago, no Chile, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e afirmou que eleições periódicas, por si só, não são capazes de garantir a democracia. A fala ocorreu diante de lideranças de países como Espanha, Colômbia, Uruguai e o anfitrião Chile, em evento marcado pela defesa do fortalecimento institucional e pelo combate a práticas antidemocráticas.
Lula ressaltou que o simples respeito ao calendário eleitoral não basta para consolidar uma democracia robusta e citou a perda de credibilidade dos partidos políticos e a insuficiência dos ciclos eleitorais diante dos desafios atuais. Segundo o presidente, “democracia não se constrói da noite para o dia, zelar pelos interesses coletivos é uma tarefa permanente”, enfatizando que o cenário global passa por uma “nova ofensiva antidemocrática”.
Um dos principais pontos do discurso foi a defesa da regulação das redes sociais e plataformas digitais. Lula afirmou que “concordamos sobre a necessidade de regulamentação das plataformas digitais e do combate à desinformação para devolver ao Estado a capacidade de proteger os seus cidadãos”. O petista destacou ainda que a liberdade de expressão não pode ser confundida com autorização para “incitar violência, difundir ódio, cometer crimes e atacar o Estado Democrático de Direito”.
Os debates do encontro internacional abordaram, além da governança digital, temas como justiça tributária, combate às desigualdades, fortalecimento do multilateralismo e resposta a práticas intervencionistas. Lula propôs mecanismos de ação conjunta entre governos, sociedade civil, setor privado e mídia para responder a riscos que ameaçam o regime democrático contemporâneo.
A defesa da regulação das plataformas digitais ocorre em contexto de grande embate político sobre o tema no Brasil e no mundo, com o presidente reiterando que proteger a cidadania exige ações concretas diante da crescente propagação de notícias falsas e campanhas de desinformação. Para os líderes presentes, o principal desafio está em equilibrar o combate ao extremismo e à manipulação digital sem abrir mão de liberdades democráticas essenciais.
