A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou nesta semana sua resposta ao Supremo Tribunal Federal (STF) em meio aos inquéritos que tratam de obstrução de justiça e suposto plano de golpe. Os advogados negaram descumprimento das medidas cautelares, afirmando que Bolsonaro não usou redes sociais nem pediu que terceiros publicassem conteúdo em seu nome. Segundo eles, a decisão do ministro Alexandre de Moraes não proíbe expressamente entrevistas e não há clareza sobre os limites das restrições, motivo pelo qual pediram ao STF que esclareça quais ações são permitidas ao ex-presidente.
No ponto principal da manifestação, a defesa argumentou que Bolsonaro jamais teve intenção de descumprir determinações judiciais e classificou como "máxima humilhação" o uso da tornozeleira eletrônica, imposta como medida cautelar pelo tribunal. O documento dos advogados também critica restrições ao contato com o filho, deputado federal Eduardo Bolsonaro, e questiona supostas acusações de risco de fuga, alegando que o ex-presidente sempre colaborou com a Justiça e compareceu a todas as audiências designadas.
O envio da resposta ao STF se soma a um clima de tensão institucional, marcado pelo aumento das divergências tanto dentro do Supremo quanto na Câmara dos Deputados. Recentemente, decisões relacionadas ao caso expuseram divisões entre ministros da Primeira Turma do STF sobre a extensão das penalidades e a condução dos processos envolvendo Bolsonaro. Na Câmara, o presidente Hugo Motta entrou em rota de colisão com bancadas ligadas ao ex-presidente ao restringir sessões e atividades de comissões favoráveis a declarações de apoio a Bolsonaro. O embate interno revelou disputas regimentais e interpretações distintas sobre o papel do Legislativo diante das investigações em curso.
Paralelamente à crise nas instituições, grupos ligados à defesa da democracia e da soberania nacional intensificam a mobilização. Lideranças políticas e movimentos sociais se articulam para um ato público em Brasília, convocado por organizações que participaram da frente ampla das eleições de 2022. O objetivo é responder à escalada de tensões políticas, denunciar ameaças à ordem democrática e rejeitar influências classificadas como "extremistas" ou lesivas à autonomia nacional. O protesto reflete a preocupação de diferentes setores com o fortalecimento do debate público e com a necessidade de garantir estabilidade política em meio ao cenário de incertezas e disputas ideológicas.