A água se encontra na Cratera Clavius, no Hemisfério Sul lunar
Dois estudos publicados na revista Nature Astronomy nesta segunda-feira (26) revelaram a descoberta de mais água na lua do que se acreditava, presente na superfície iluminada pelo sol. Essa água poderia ser usada como um recurso durante as próximas missões, como o retorno de humanos da NASA à superfície lunar por meio do programa Artemis.
O programa Artemis é desenvolvido pela NASA, juntamente com empresas de voo espacial comercial, cujo objetivo é enviar a primeira mulher e o segundo homem à Lua no ano de 2024.
A pesquisa sobre a água na Lua é baseada em dados coletados pelo Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA, em órbita ao redor da lua desde junho de 2009, bem como pelo telescópio aerotransportado do Observatório Estratosférico para Astronomia Infravermelha da agência, chamado SOFIA.
Este último é um Boeing 747SP modificado para carregar um telescópio de 2,7 metros. No primeiro estudo, os pesquisadores usaram SOFIA para observar a lua em um comprimento de onda que revelou a assinatura da água molecular, ou H2O.
"Pela primeira vez, foi confirmada a presença de água na superfície da lua iluminada pelo sol", disse Paul Hertz, diretor da divisão de astrofísica da Diretoria de Missão Científica da NASA durante a conferência de imprensa de segunda-feira.
Ele ainda comentou que havia indicações de que a forma familiar da água podia estar presente no lado iluminado da Lua. “Agora sabemos que está lá. Essa descoberta desafia nossa compreensão da superfície lunar e levanta questões intrigantes sobre recursos relevantes para exploração do espaço profundo. "
Pesquisas anteriores revelaram detecções de água na superfície da lua perto do Polo Sul. Mas a assinatura da água molecular no comprimento de onda usado nesta pesquisa também pode estar associada à hidroxila, que é o oxigênio ligado ao hidrogênio.
Na química orgânica, os álcoois tendem a incluir hidroxila, que contribui para tornar as moléculas solúveis em água. Por isso, a hidroxila também é um ingrediente usado na limpeza de ralos.
As detecções do SOFIA confirmam que a água, não a hidroxila, pode ser encontrada presa em contas de vidro ou entre grãos na lua em suas altas latitudes ao sul na Cratera Clavius.
A Clavius é uma das maiores crateras da lua visíveis da Terra. Lá, a água está presente entre 100 e 400 partes por milhão, ou aproximadamente o equivalente a uma garrafa de 12 onças de água, de acordo com a NASA.
O fato de que essa água está dentro de grãos ou entre os grãos na superfície lunar ajuda a protegê-la do ambiente hostil e irradiado da lua.
"Antes das observações do SOFIA, sabíamos que havia algum tipo de hidratação", disse a principal autora do estudo, e pós-doutora no Goddard Space Flight Center da NASA, Casey Honniball. "Mas não sabíamos o quanto, se é que havia, eram moléculas de água - como bebemos todos os dias - ou algo mais parecido com limpador de ralos."
O estudo publicado captura os resultados do trabalho de tese de graduação de Honniball na Universidade do Havaí em Manoa, Honolulu.
A água está presa em um metro cúbico de solo na superfície lunar, o que é equivalente a mil litros de água, algo similar às piscinas infantis feitas de plástico.
Segundo Honniball, sem uma atmosfera densa, a água na superfície lunar iluminada pelo sol deveria ser perdida para o espaço, disse Honniball. "No entanto, de alguma forma, estamos vendo isso. Algo está gerando a água e algo deve estar prendendo-a lá."
Entender quanta água há na lua permitirá que futuras missões tragam mais equipamentos para a ciência, ao invés de tentar transportar água para a superfície lunar, que é pesada e cara.