Uma variante do novo coronavírus surgiu no início do verão europeu e tem se espalhado para diversos países do continente desde então, segundo indica um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Basel, na Suíça, e na Universidade de Valência, na Espanha.
Apesar de ter sido publicado na revista MedRXiv no dia 28 de outubro, a pesquisa ainda não foi revisada por pares.
Observações e hipóteses
Batizada como 20A.EU1, a sequência da variante surgiu no início do verão de 2020, presumivelmente na Espanha, e desde então se espalhou para diversos países europeus.
Essa variante foi observada pela primeira vez na Espanha em junho e tem estado em frequências acima de 40% desde julho. Fora da Espanha, a frequência dessa variante aumentou em valores muito baixos antes de 15 de julho para 40-70% na Suíça, Irlanda e Reino Unido em setembro.
A 20A.EU1 também é prevalente na Noruega, Letônia, Holanda e França. Quase nada pode ser dito sobre outros países europeus porque poucas sequências recentes estão disponíveis.
“Mostramos que essa variante foi exportada da Espanha para outros países europeus diversas vezes e que grande parte da diversidade desta sequência identificada na Espanha é observada em toda a Europa”, diz o estudo.
Ainda não está claro se esta variante está se espalhando por causa de uma vantagem de transmissão do vírus ou se a alta incidência na Espanha seguida pela disseminação através de turistas é suficiente para explicar o rápido aumento em vários países.
Contudo, os pesquisadores acreditam que a expansão da variante foi facilitada pelo afrouxamento das restrições a viagens e medidas de distanciamento social no verão.
“Podemos observar que o vírus foi introduzido diversas vezes em vários países e muitas dessas introduções se espalharam pela população”, afirma a professora Tanja Stadler da ETH Zürich, uma das principais investigadoras do estudo.
Amostras
Para analisar e rastrear os genomas do vírus, os pesquisadores coletaram amostras de pacientes infectados pela Covid-19 em diferentes países da Europa.
Hoje, a mutação está presente em 90% das sequências genéticas no Reino Unido, 60% das sequências da Irlanda e entre 30 e 40% das sequências na Suíça e na Holanda.
Os autores do estudo destacam a importância de avaliar como os controles de fronteira e as restrições de viagem funcionaram para conter as transmissões do novo coronavírus durante o verão e o papel dessas viagens em todo o contexto.
Os pesquisadores ainda avaliam se a nova mutação poderia implicar em variantes clínicas e ainda como o fenótipo do vírus foi impactado.
Medidas de controle
O estudo destaca que os países devem considerar cuidadosamente a sua abordagem aos viajantes de áreas com alta incidência do novo coronavírus quando as viagens forem retomadas pela Europa.
Embora as restrições a viagens de longo prazo e o fechamento de fronteiras não sejam sustentáveis ou desejáveis, identificar melhores maneiras de reduzir o risco de introdução de variantes e garantir que aquelas que são introduzidas não se espalhem amplamente ajudará os países a manter os baixos níveis de transmissão do novo coronavírus.