Jared Kushner, genro e assessor sênior do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, está a caminho do Catar e Arábia Saudita, junto de sua equipe, para supostamente conduzir conversas sobre a conjuntura na região após o assassinato do principal cientista nuclear iraniano, na última sexta-feira (27).
Um oficial de alto escalão do governo americano afirmou no domingo (29) que Kushner deverá reunir-se com Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita na cidade de Neom. Em seguida, deverá encontrar-se com o Emir do Catar Tamim bin Hamad al-Thani, nos próximos dias.
Kushner será acompanhado por Avi Berkowitz e Brian Hook, enviados especiais ao Oriente Médio, e Adam Boehler, chefe executivo da Corporação Internacional de Desenvolvimento Financeiro dos Estados Unidos.
Kushner e sua equipe ajudaram a negociar os acordos de normalização assinados por Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Sudão com Israel, desde meados de agosto. O genro de Trump afirmou que gostaria de avançar mais na agenda antes do fim do mandato do presidente republicano, a ser substituído por Joe Biden, em 20 de janeiro.
Oficiais americanos acreditam que convencer a Arábia Saudita a normalizar laços com Israel levaria outras nações árabes a fazê-lo. Entretanto, os sauditas não parecem ainda dispostos a instituir um acordo do tipo e sua diplomacia recentemente parece concentrada em outros países, em particular, diante de receios sobre a influência regional do Irã.
A viagem de Kushner sucede o assassinato de Mohsen Fakhrizadeh, na sexta-feira, executado por atiradores não-identificados em Teerã. Governos ocidentais e Israel acreditam que Fakhrizadeh era o principal cientista por trás do programa de armas nucleares do Irã.
Dias antes do assassinato, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu viajou à Arábia Saudita para encontrar-se com bin Salman, segundo fontes oficiais, o que representa a primeira visita confirmada publicamente de um líder israelense ao país árabe.
A imprensa de Israel reportou que Netanyahu viajou acompanhado do Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo.
A reunião histórica deu ênfase à oposição comum a Teerã, em particular, ao realinhamento estratégico das forças iranianas a países do Oriente Médio.
Bin Salman e Netanyahu temem que o presidente eleito Joe Biden adote políticas similares ao governo de Barack Obama, que afastou os Estados Unidos de aliados regionais tradicionais e promoveu o chamado acordo nuclear iraniano.
Biden prometeu restabelecer o pacto nuclear internacional com o Irã e fortalecer seus termos, após Trump revogá-lo unilateralmente, em 2018, caso Teerã concorde em retomar o pleno e rigoroso cumprimento do acordo.
O oficial americano que falou à Reuters, em condição de anonimato, recusou-se a dar maiores detalhes sobre a viagem de Kushner, ao alegar razões de segurança.
Segundo a fonte, na última semana, Kushner encontrou-se com o Ministro de Relações Exteriores do Kuwait Ahmad Nasser al-Mohammad al-Sabah, na Casa Branca. O Kuwait é visto como crucial a qualquer solução à disputa de três anos entre Catar e outros países-membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
Arábia Saudita, Egito, Bahrein e Emirados Árabes Unidos – membros proeminentes do CCG – cortaram relações diplomáticas com o Catar, em 2017, e impuseram um severo boicote ao país, sob acusações de apoio ao terrorismo internacional.
O Catar nega todas as alegações.