BUENOS AIRES (Reuters) - A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nas primeiras horas desta sexta-feira um projeto de lei apoiado pelo governo para legalizar o aborto, um grande passo adiante para uma legislação que pode dar o tom de uma mudança mais abrangente na conservadora América Latina.
O projeto de lei, que permitiria a interrupção legal da gestação até a 14ª semana, foi aprovado com 131 votos a favor, 117 contra e 6 abstenções. Agora ele irá ao Senado, onde se espera uma votação ainda mais apertada.
O país sul-americano é a terra natal do papa Francisco, e o projeto de lei do aborto chega no momento em que vários países da região predominantemente católica testemunham iniciativas para aumentar os direitos reprodutivos das mulheres.
Após um debate prolongado que começou na quinta-feira, o projeto de lei histórico foi submetido a uma votação na manhã desta sexta-feira. Manifestantes favoráveis e contrários à legislação se reuniram em massa nas ruas dos arredores do Congresso.
"Este é um passo fundamental e o reconhecimento de uma luta antiga que os movimentos femininos vêm realizando em nosso país há anos", disse Elizabeth Gómez Alcorta, ministra das Mulheres, Gênero e Diversidade do governo, após a votação.
"Continuaremos trabalhando para que a interrupção voluntária da gestação se torne lei."
A Anistia Internacional saudou a aprovação da Câmara e pediu ao Senado que não "vire as costas" às mulheres, mas que ajude a acabar com os abortos clandestinos que colocam as vidas delas em perigo.