A gripe? Sumiu. Literalmente. Desapareceu como neblina ao sol. Talvez pela primeira vez na história do Homem, os vírus da gripe já não estão entre nós, abandonaram a nossa espécie. E tudo de forma espontânea: nada de vacinas, nada de nada.
Trata-se dum evento provavelmente único que mereceria o estudo de legiões de microbiólogos, não estivessem todos ocupados com a terrível Covid. Porque a fonte é da máxima confiança: a OMS, a Organização Mundial de Saúde.
Nestas páginas já tínhamos tratado do assunto, mas agora a OMS disponibiliza novos instrumentos que apresentam o fenómeno duma forma mais exaustiva.
Na página Influenza estão disponíveis os gráficos pormenorizados relativos à circulação global do vírus, mais informações detalhadas não apenas acerca do planeta todo e dos hemisférios mas até dos vários Países. Vamos ver.
A primeira imagem é relativa à circulação global e tem o título de “Número de espécimes positivos para a gripe por subtipo”:
O que aqui interessa sobretudo são dois aspectos: a tendência da “onda” ao longo do tempo (o ano de 2020) e o tipo de vírus em circulação. No começo do ano havia oito subtipos de vírus gripais: para ser mais precisos, 7 subtipos identificados mais outro grupo que recolhia os subtipos não identificados.
Como é possível observar, a “onda” atinge o máximo durante a 5ª semana (27 de Janeiro – 02 de Fevereiro) para depois descer até o desaparecer por completo na 17ª semana (20 Abril – 26 Abril).
Podemos fazer uma comparação com o que se passou em 2019:
A diferença é evidente: ao longo do ano de 2019 nunca houve um completo “desaparecimento” do vírus da gripe. E podemos fazer mais: podemos verificar a situação ao longo dos anos anteriores, por exemplo uma década (2009 – 2019):
Nunca desde 2009 e 2019 houve um ano no qual todos os subtipos de gripe desaparecessem. O ano durante o qual a circulação atingiu o mínimo foi o de 2011 (nomeadamente na 20ª semana: a primeira metade de Maio), mas também aqui sempre houve vários subtipos em circulação:
Pelo que, 2020 é um ano absolutamente excepcional, o primeiro onde todos os vírus da gripe desaparecem por completo, ao mesmo tempo. E tal excepcionalidade atinge qualquer País, não apenas alguns.
Eis, por exemplo, a circulação da gripe no Hemisfério Norte do planeta ao longo do presente ano:
Após a 16ª semana (13 Abril – 19 Abril) todos os subtipos virais sumiram a Norte do Equador. E no Hemisfério Sul?
Aqui temos um “quase desaparecimento” após a 18ª semana (27 Abril – 03 Maio): depois há rastos limiares (e sempre inferiores aos mínimos dos dez anos anteriores) até a 46ª semana (02 Novembro – 08 Novembro), data após a qual também no Hemisfério Sul a gripe desaparece por completo.
A coisa estranha, repito, é que este “desaparecimento” aconteceu em simultâneo em todos os pontos do planeta e interessou todos os subtipos virais. Vamos ver a situação em Portugal:
Em Italia, um dos Países mais afectados na primeira vaga:
Em Espanha, outro dos Países mais afectados durante a primeira vaga:
Nos Estados Unidos, o País mais afectado em absoluto:
O caso do Brasil:
O Brasil segue a tendência do Hemisfério Sul, com um pico de gripe por volta de Março, uma queda abrupta no final de Abril (18ª semana) e o completo desaparecimento que acontece na semana número 32 (03 Agosto – 09 Agosto). Depois desta data já não há qualquer forma de gripe no País, de nenhum subtipo.
E na China? Afinal tudo tinha começado aí.
De facto, o pico da gripe é atingido ligeiramente mais cedo (já na segunda semana de 2020: 06 Janeiro – 12 Janeiro) para desaparecer após a 13ª semana. Mas, no geral, também a China reflecte a o andamento de todo o Hemisfério Norte.
Para completar a pesquisa, decidi observar os gráficos de numerosos outros Países, tanto do Hemisfério Norte quanto do Sul: não reporto aqui os gráfico todos para não aborrecer o Leitor, pois de facto seguem todos a mesma tendência. No caso, o Leitor pode seguir este link, escolher a opção By country, area or territory – past 12 months; na nova página escolher o País da lista à esquerda e clicar em Display Report. Muito simples.
“Todos a mesma tendência”? Será mesmo que em todos os Países do Mundo os vários subtipos da gripe desapareceram por completo? Bom, na verdade há umas pequenas diferencias: há uns Países onde o vírus da gripe não desapareceu por completo. Exemplos: Vietname, Laos, Cambodja, Tanzânia, Níger, Tailândia, Timor Leste…
Vamos observar o caso do Vietname:
Este grupo de Países apresenta uma característica fundamental: são exactamente aqueles Países com a menor incidência de Covid-19 segundo a classificação mundial (que é visível com dados em tempo real na página WorldOMeter). Portanto:
onde há mais Covid, o vírus da gripe desaparece;
onde há menos Covid, o vírus da gripe continua presente.
Curioso, sem dúvida. Para não dizer “impossível”: o vírus da Covid não é um antagonista do vírus da gripe, não há por aqui um vírus “mais forte” que elimina os restantes,não é assim que funciona. Covid e gripe sazonal podem tranquilamente coexistir. E, de facto, segundo os dados da OMS na primeira parte do ano coexistiram.
Mas o vírus da gripe, nas suas variantes, acompanha o Homem desde a noite dos tempos. O primeiro a descrever os seus sintomas foi Hipocrates há 2.400 anos, mas sabemos que a influenza já estava presente antes. Desde então, os Orthomyxoviridae (a família da qual fazem parte os vírus da gripe) sempre estiverem ao nosso lado. Pelo menos até agora, pois desde o aparecimento do Coronavírus algo aparentemente mudou, de forma drástica e repentina. Hoje, segundo os dados da OMS, o vírus da gripe sobrevive apenas num punhado de Países da Ásia, da África e da Oceânia: no Ocidente desapareceu por completo, assim como na América do Norte e na América do Sul.
Ou desapareceu ou alguém continua a vender como “pandemia” algo que efectivamente apareceu (o vírus da Covid-19 existe, que não haja dúvidas) mas que entretanto perdeu boa parte da eficácia. Ou isso ou temos que acreditar numa espécie de “milagre” que há poucos meses livrou a sociedade humana duma doença com milhares de anos.
Ah,não, esperem, há outra possível explicação: distanciamento social e mascaras mataram duma vez todos os vírus da gripe. Deve ter sido isso, sem dúvida.
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