Arqueólogos israelitas anunciaram, nessa semana, a descoberta de fragmentos de um pergaminho bíblico de aproximadamente 1.900 anos na Caverna do Horror, localizada no Deserto da Judeia.
O local é famoso por 40 esqueletos humanos encontrados na década de 1960, que morreram de fome durante a Revolta de Barcoquebas, rebelião de judeus contra o Império Romano ocorrida no período de 132 a 135 depois de Cristo. De acordo com antigos escritores, o evento teria dizimado mais de 500 mil pessoas.
No documento, pode-se ler passagens em grego dos livros de Zacarias e Naum, ambos do Velho Testamento, explica um comunicado da Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA) publicado na última terça-feira (16).
Imagem dos fragmentos encontrados.Fonte: Reprodução
Na Bíblia Hebraica, os manuscritos fazem parte de um livro de 12 profetas menores. Ainda segundo a entidade, esta é a primeira vez em 60 anos em que projetos de escavações arqueológicas científicas se depararam com algo do tipo, não envolvidos com saques ou procedimentos ilegais.
"Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas. E nenhum de vós pense mal no seu coração contra o seu próximo, nem ameis o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu odeio – diz o Senhor", apresenta um dos trechos, originado de Zacarias 8:16 – 17.
Equipe envolvida na descoberta.Fonte: Reprodução
Achados milenares
Há quem considere que os artefatos pertençam à coleção Pergaminhos do Mar Morto, composta de milhares de fragmentos de cerca de 900 textos encontrados nas décadas de 1940 e 1950 em cavernas próximas à "ruína da mancha cinzenta", apelido de um sítio arqueológico na Cisjordânia, batizado de Qumran.
Entretanto, a IAA, que desde 2017 realiza uma campanha para evitar pilhagens e retomar antiguidades, contesta a atribuição, ressaltando a distância entre os locais.
"Os fragmentos de pergaminho recém-descobertos são um alerta para o Estado. Os recursos devem ser alocados para a conclusão desta operação historicamente importante. Devemos garantir que recuperemos tudo o que não foi catalogado nas cavernas antes que os ladrões o façam", defende Israel Hasson, diretor da instituição.
Caverna escondia outras surpresas.Fonte: Reprodução
Por fim, além da bíblia milenar, havia uma criança mumificada de 6.000 anos dentro da mesma caverna. Com idade estimada de 6 a 12 anos, a suposta menina foi enterrada em uma fossa rasa, sugere uma análise de uma tomografia computadorizada dos restos mortais.
Aliás, estavam por lá moedas carimbadas com imagens de símbolos judaicos, incluindo uma harpa e uma tamareira, também da época da Revolta de Barcoquebas.
Completando o tesouro, os cientistas explicam que, em um complexo separado, se encontrava o que pode ser a cesta completa mais antiga do mundo, com cerca de 10.500 anos de idade.
Esta pode ser a cesta inteira mais antiga do mundo.