As declarações foram dadas após um grupo anônimo que diz ser integrado por militares da ativa ter publicado, no domingo, um texto que afirma que a “sobrevivência” da França está em jogo devido ao que eles chamam de “concessões” feitas pelo governo ao islamismo.
Em abril, 20 generais da reserva publicaram uma carta aberta sugerindo uma intervenção para proteger o país de uma “guerra civil iminente”.
Não há qualquer sinal de que a França esteja caminhando para um conflito civil, mas alimentar a sensação de que o país está se tornando menos seguro são do interesse de Le Pen. Contra Macron, ela tenta se colocar como a candidata da lei e da ordem.
Marine Le Pen — Foto: Bloomberg
Le Pen apoiou os autores de ambas as cartas, publicadas pela revista de extrema direita Valeurs Actuelles.
A líder do Reagrupamento Nacional argumentou, no entanto, que não estava clamando por uma insurreição na França e pediu que aqueles que concordam com os textos se juntem a seu movimento político.
Em um evento de campanha no oeste da França ontem, Le Pen afirmou que a última carta oferece uma “avaliação lúcida” da situação do país. “Sempre existe o risco de uma guerra civil”, disse ela.
As declarações surpreenderam muitos na França, apesar de Le Pen ser conhecida por suas falas polêmicas em temas como a repressão da migração e a necessidade de ser mais dura com o islamismo.
Outros presidentes franceses enfrentaram advertências similares nos últimos anos, mas as ameaças nunca se concretizaram. Dentro do governo de Macron, as duas cartas são consideradas como uma manobra política.
Le Pen está perto de Macron nas pesquisas, mas enfrenta o desafio de suavizar suas posições, sem perder base de apoio, para atrair eleitores mais moderados em um eventual segundo turno contra o atual presidente francês.
Faltando menos de um ano para o pleito, a líder da extrema direita tenta capitalizar as preocupações dos franceses sobre a segurança do país.
A última carta afirma que “o ódio à França e à sua história estão se tornando a regra”, em uma aparente referência aos esforços de Macron para reconhecer os abusos do passado colonial do país.
O texto ainda critica de forma velada as comunidades muçulmanas que não se integram com o restante da sociedade.
“Se estourar uma guerra civil, o Exército irá manter a ordem em seu próprio solo”, afirma o texto.
“Ninguém deseja uma situação tão terrível, mas uma guerra civil está se formando na França e vocês sabem disso muito bem”, afirmaram aos autores anônimos, se referindo a Macron e ao governo do país.
Em resposta à carta, o primeiro-ministro da França, Jean Castex, pediu que os autores do texto saiam do anonimato. “Esta é uma coluna política de extrema direita”, disse ele.
O ministro do Interior, Gerald Darmanin, descreveu o pronunciamento como uma “manobra de má qualidade” para impulsionar a campanha de Le Pen.