Os responsáveis pelas Relações Exteriores de Estados Unidos e Rússia se reúnem na Islândia, nesta quarta-feira (19), para avaliar as profundas diferenças entre as duas potências e confirmar uma eventual cúpula, em junho, entre os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin.
As declarações prévias ao encontro não fazem antecipar uma “desescalada” mútua na retórica. Tanto Washington quanto Moscou avaliam que este é o pior momento das relações bilaterais desde o fim da Guerra Fria.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, quer transformar o Ártico em um laboratório para um tipo de cooperação concentrada em desafios comuns, como a luta contra o aquecimento global. Algo visto com preocupação pelos russos.
A região do Ártico é, justamente, o novo desafio geopolítico, em torno do qual vai girar a reunião regional desta quarta e quinta em Reykjavik.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, tem outra visão e expectativa sobre o tema.
“Está claro para todos, há muito tempo, que esta é nossa terra, nosso território. Respondemos pela segurança do nosso litoral, e tudo o que fazemos ali é perfeitamente legal e legítimo”, disse Lavrov, em entrevista coletiva na segunda-feira, na qual denunciou, sobretudo, os desvios ofensivos da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Noruega no Ártico.
A “atividade militar” da Rússia no Ártico é “perfeitamente legal e legítima”, afirmou.
Segundo Mikaa Mered, professor francês de Ciência Política e especialista em Ártico, os russos “sempre adotam este tipo de posição antes de uma cúpula ministerial”.
A advertência russa provocou uma resposta de Blinken, que pediu ontem que “se evite uma militarização” do Ártico, um vasto território com condições extremas, rico em recursos naturais, em torno do Polo Norte.
Em reunião hoje com o chanceler canadense, Marc Garneau, o secretário americano reafirmou que quer “preservar esta região como um lugar de cooperação pacífica” em matéria de clima, ou de avanços científicos.
“Temos dito muito claramente que, se a Rússia escolher tomar medidas irresponsáveis, ou agressivas, contra nossos interesses, ou nossos sócios e aliados, responderemos”, advertiu Blinken, na Islândia.
“Não para buscar um conflito, ou uma escalada, mas porque não se pode permitir estes desafios impunemente”, alegou.
Ele disse, no entanto, considerar “importante poder abordar o tema cara a cara para ver se é possível ter uma relação mais estável e previsível com a Rússia” e encontrar pontos em comum em agendas como clima e desarmamento.
Fonte:Isto É