De acordo com um estudo internacional liderado por geólogos da Monash University, uma mudança fundamental na natureza há 3,75 bilhões de anos facilitou a formação atual e estável da crosta dos continentes da Terra. A pesquisa foi publicada na Nature Communications.
A Terra se formou há 4,5 bilhões de anos, no entanto, as partes mais antigas da crosta que formam os continentes do planeta datam de 4 a 3,6 bilhões de anos, o que sugere que elas, apesar de antigas, demoraram um pouco mais para conseguir se formar. E foi para responder essa questão que os pesquisadores instituíram o estudo.
Segundo o tabloide científico PHYS.ORG, para entender o processo, a equipe analisou grãos microscópicos de 4,2 a 3,2 bilhões de anos do mineral zircão do Cráton Yilgarn – craton que constitui a maior parte da massa terrestre da Austrália Ocidental.
A crosta pode se formar por meio de dois processos diferentes: a fusão da crosta pré-existente ou a fusão recente do manto subjacente da Terra. A composição isotópica do háfnio dos grãos de zircão pode acompanhar os dois processos.
“Os novos dados que coletamos mostram uma mudança dramática na composição isotópica do háfnio dos zircões do Craton de Yilgarn 3,75 bilhões de anos atrás”, disse o principal autor do estudo, Dr. Jack Mulder, pesquisador do grupo Escola da Terra, Atmosfera e Meio Ambiente da Monash University.
“Os zircões mais antigos se formaram em magmas que foram derivados apenas por meio do derretimento da crosta mais velha. Há 3,75 bilhões, magmas contendo zircão começaram a ser originados, pelo menos em parte, do manto da Terra”, explicou o cientista, sugerindo que a formação do continente acabou acontecendo por uma coincidência a partir do momento que os zircões começaram a ser originados apenas de um processo, usando o manto subjacente da Terra.
“É importante ressaltar que a mudança de isótopo registrada nas cápsulas do tempo do zircão coincide precisamente com a época em que se formou a crosta mais antiga preservada no atual Cráton Yilgarn”, acresentou.
Para a equipe, a coincidência é atribuída a uma relação causal simples: quando o magma é extraído do manto da Terra, o resíduo profundo que sustenta a crosta é seco, rígido e, mais importante, flutuante.
“Essas quilhas flutuantes de manto residual empobrecido pelo derretimento podem ter servido como ‘jangadas salva-vidas’ que protegeram os novos e mais antigos continentes de mergulhar de volta nas profundezas da Terra”, disse Mulder.
“Esses resultados destacam uma mudança fundamental na natureza da formação da crosta 3,75 bilhões de anos atrás, que facilitou a formação da crosta continental única e estável da Terra”, finalizou o pesquisador.
Em suma, de acordo com o estudo, os continentes que cresceram em torno desses antigos núcleos de crostas influenciaram o clima, a atmosfera e a química dos oceanos, possibilitando o começo da vida.
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